segunda-feira, 16 de junho de 2008

O Cão Serra da Estrela


CÃO DA SERRA DA ESTRELA

Tem o seu solar na Serra da Estrela desde remotas eras, perdendo-se no tempo a sua variedade origem.
Deve ser, no entanto, uma das raças caninas mais antigas da Península Ibérica.
Encontra-se desde as imediações das faldas da Serra, até às mais elevadas altitudes ( 2000 metros aproximadamente ), sobretudo no Verão em que, desaparecida a neve, as pastagens vicejam nas altas planuras, sendo procuradas pelos gados, visto, nas regiões do sopé, o calor excessivo ter dessecado toda a vegetação pascigosa. Os cães acompanham os rebanhos, como guardiões vigilantes, defendendo-os das feras que tais paragens infestam. Encontram-se, ainda, dispersos por vários pontos do país, sobretudo no Centro, vindos da Serra, quando cachorros ou nascidos já de reprodutores oriundos das regiões serranas.

I – ASPECTO GERAL E APTIDÕES
Cão convexilíneo, molossóide, tipo mastim; inseparável companheiro do pastor e guarda fiel do rebanho que, encarniçadamente, defende contra os lobos e roubadores de gado. Esplêndido guarda de quintas e habitações; de defesa pessoal e até utilizado, com vantagem, como animal de tracção.
Animal rústico, bem entroncado, com viveza de andamentos e imponente de atitudes. Olhar vivo, calmo e expressivo. Respeitável pela sua poderosa agressividade para com os estranhos e de uma docilidade característica junto do pastor.
Bem proporcionado, morfologicamente perfeito, de uma acentuada de conjunto, reveladora de uma pureza étnica radicada pelo tempo.

II – CABEÇA
Forte, volumosa, de maxilas bem desenvolvidas. Pele lisa no crânio e na face. Alongada e ligeiramente convexa; de chanfradura nasal ( stop ) pouco pronunciada, e a uma distância aproximadamente igual da ponta do focinho e do vértice do crânio. Boa inserção. Proporcionada ao corpo, bem como o crânio em relação à face, o que lhe dá, em conjunto, uma acentuada harmonia.
REGIÃO CRÂNIO-FRONTAL – Bem desenvolvida, arredondada e de perfil convexo.
CRISTA OCCIPITAL – Apagada.
ORELHAS – Pequenas, em relação ao conjunto ( 11 cm de comprimento por 10 cm de largura );
delgadas, trianguliformes, arredondadas na ponta; pendentes; de média inserção; inclinadas para trás; caindo lateralmente, encostadas à cabeça e deixando ver, na base, um pouco da face interna.
OLHOS – Horizontais, aflorados, de forma oval; regulares no tamanho, iguais e bem abertos; de expressão inteligente e calma; cor âmbar escuro, de preferência. Pálpebras fechando bem, e de bordos orlados de negro. Sobrolhos um tanto aparentes.
CHANFRO – alongado, estreitando para a ponta, sem afilamento; tende para o rectilíneo, na sua maior extensão, e muito ligeiramente convexo junto ao bico.
VENTAS – Direitas, largas e bem abertas. Sempre mais escuras do que a pelagem e, de preferência, pretas.
BOCA – Bem rasgada, de lábios grandes, pouco espessos, não pendentes e bem sobrepostos. Mucosa bocal e céu da boca intensamente pigmentados de preto, bem como os bordos labiais. Dentes fortes, brancos, bem implantados e adaptando-se bem.

III – TRONCO
PESCOÇO – Direito, curto e grosso; bem saído, bem unido e embarbelado sem demasia.
PEITO – Bem arqueado, sem ser cilíndrico; largo, profundo e bem descido.
LINHA SUPERIOR – Dorso quase horizontal e de preferência curto; rins largos, curtos, bem musculados e bem unidos com a garupa, que é um pouco descida.
LINHA INFERIOR – Abdómen pouco volumoso, proporcionado à corpulência do animal, ligando-se insensivelmente com as regiões confinantes; a linha inferior deve elevar-se, de uma forma gradual, mas suave, do esterno às virilhas.
CAUDA – Inteira, comprida, chegando até à ponta do curvilhão, quando o animal está tranquilo. Grossa, em cimitarra; de média inserção; bem guarnecida de pêlos e franjada nos cães de pêlo comprido, formando gancho na ponta. Porte baixo da horizontal, caindo naturalmente entre as coxas quando parado.
Excitado o animal e em movimento, a cauda ultrapassa a horizontal, encurvando-se para cima, para diante, para o lado e para baixo.

IV – MEMBROS ANTERIORES E POSTERIORES
Bem aprumados, quando colocado o animal em posição conveniente. Antebraços e canelas
aproximando—se da forma cilíndrica. Esqueleto bem constituído, bem musculado e com forte ossatura.
Articulações grossas; ângulos de abertura regular, com grande facilidade de movimentos. Curvilhão um pouco descido, regularmente aberto e de boa direcção, seguindo-se-lhe uma canela vertical.
PÉS – Proporcionados à corpulência do animal. Bem constituídos; nem muito redondos, nem alongados em excesso; intermédios dos pés de gato e de lebre, de forma a evitar o espalmado. Dedos grossos, bem unidos e providos de pêlos abundantes nos espaços inter-digitais e entre os tubérculos plantares. Palmas grossas e duras. Unhas escuras, ou antes pretas e bem saídas.
Podem apresentar presunhos simples ou duplos.

V – PELAGEM
PÊLO – Forte, ligeiramente grosseiro, sem demasiada aspereza, fazendo lembrar, um pouco, o pêlo de cabra; liso ou ligeiramente ondulado e assente em quase todo o corpo; muito abundante, quer se trate da variedade de pêlo curto ou a de pêlo comprido.
Normalmente o pêlo apresenta-se desigual em certas regiões. Nos membros, dos codilhos e curvilhões abaixo, é mais curto e denso, assim como na cabeça; nas orelhas diminui de comprimento da base para a ponta, tornando-se fino e macio, é mais comprido na cauda, que é farta, grossa e franjada na variedade de pêlo comprido, em volta do pescoço e bordo inferior, formando barbela e nas nádegas, que são abundantemente franjadas, bem como a face posterior dos antebraços, sobretudo nos de pêlo comprido.
A pelugem é constituída por pêlos finos, curtos, abundantes e emaranhados na base dos pêlos grosseiros e, de ordinário, mais clara que a pelagem. Encontra-se, principalmente, na variedade de pêlo comprido.
CORES – Pelagens fulva, lobeira e amarela, unicolores ou com malhas brancas.

VI – ALTURA
De 65 a 72 cm para os cães e de 62 a 68 cm para as cadelas.

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