A Flora na Serra da Estrela
A vegetação da Serra da Estrela varia com a altitude, o declive e a exposição geográfica. Grosso modo, reparte-se por três andares altitudinais: basal, intermédio e superior. No andar basal, a vegetação natural era originalmente formada principalmente por bosques, dominados pelo sobreiro (Quercus suber), a azinheira (Quercus rotundifolia), o carvalho-alvarinho (Quercus robur), o freixo (Fraxinus angustifolia) e, nos vales, ao longo dos rios, galerias de amieiros (Alnus glutinosa) e azereiros (Prunus lusitanica). Devido ao corte, ao fogo e ao pastoreio nos bosques, actualmente encontram-se pequenas áreas de matagal e vastas áreas de matos rasteiros, urzais e giestais. Com origem na actividade humana (pastoreio, fenagem e rega) ocorrem prados semi-naturais, em solos relativamente ricos em nutrientes. O andar intermédio era originalmente dominado por bosques de carvalho-negral (Quercus pyrenaica), azinheira (Quercus rotundifolia), vidoeiro (Betula celtiberica), teixo (Taxus baccata), azevinho (Ilex aquifolium) e freixo-de-folhas-estreitas (Fraxinus angustifolia). Devido principalmente aos incêndios e às actividades agrícolas e silvo-pastoris, actualmente encontram-se urzais e giestais, prados pioneiros e formações de feto-comum (Pteridium aquilinum). No andar superior os zimbrais-rasteiros e caldoneirais formavam a vegetação natural. Os fogos e o pastoreio estival produzem ainda etapas de degradação. Actualmente por entre rochedos, em profundos covões, o solo de turfa acolhe espécies vegetais, próprias das zonas frias, como o cervum (Nardus stricta) que serve de alimento ao gado. As plantas aromáticas e medicinais do PNSE são também de realçar. Destacam-se a argençana-dos-pastores (Gentiana lutea), a tramazeira (Sorbus aucuparia), o hipericão (Hypericum perforatum), o zimbro (Juniperus communis), o marroio (Marrubium vulgare) e o orégão (Origanum virens).
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Pinheiro-bravo (pinus pinaster)
Espécie florestal muito comum, da família das Pináceas, que pode atingir os 40m, de ritidoma espesso e muito rendilhado, castanho avermelhado, folhas em agulha aos pares e pinha ovóide ou cónica, simétrica na base e semente pequena com asa alongada e persistente.
O pinhal adquire maior extensão e representatividade na zona serrana, embora se encontre um pouco por todo o território, a maior parte das vezes sob a forma de bosquetes de reduzida dimensão.
espesso e muito rendilhado, castanho avermelhado, folhas em agulha aos pares e pinha ovóide ou cónica, simétrica na base e semente pequena com asa alongada e persistente.
Carvalho negral (Quercus pyrenaica)
Árvore de porte médio, por vezes pequeno, de copa irregular e casca do tronco cinzenta muito escura.
Encontra-se no andar intermédio de vegetação da Serra da estrela desde os 600-800 até aos 1600 metros.
Azinheira (Quercus ilex spp rotundifolia)
A azinheira é uma angiospérmica dicotiledónea, também denominada uma folhosa. Pertence à ordem das Fagales, família das Fagáceas, género Quercus, sendo a espécie Quercus ilex e subespécie rotundifolia.
Árvore de porte médio, com uma copa ampla e uma altura média de 15 - 20 m. Pode atingir, em casos extremos, os 25 m de altura.
O tronco tem uma casca acinzentada ou parda.
As folhas são persistentes, de cor verde-escuras, brilhantes nas faces superiores e com indumento esbranquiçado nas inferiores.
Têm uma forma ovada e lanceolada, com margem inteira ou muito ligeiramente serrada.
O fruto da azinheira é a bolota, que tem uma forma oval, possuindo geralmente pedúnculo.
Antinoria Agrostidea
É um endemismo ibérico e pode ser encontrada por exemplo na Lagoa da Paixão.
Cervum seco (Galio-Nardetum)
Podem ser vistos na Nave de Santo António, no Covão do Boi, no Vale do Conde e no Vale de Loriga, assumindo sempre um aspecto verdejante.
Cervum húmido (Junco-Sphagnetum compacti)
Encontram-se junto de lagoas como a Comprida.
Arrelvados
A degradação dos cervunais devido ao sobrepastoreio favorece a acção da erosão pela água escorrente determinando a abertura de clareiras com uma camada fina de saibro granítico.
Zimbro rasteiro (Juniperus communis)
É a planta de maior expansão aqui, devido à facilidade de propagação das suas bagas. Encontra-se no andar superior de vegetação da Serra da Estrela acima dos 1600 metros. Trata-se de um arbusto amoitado, resistente aos fortes ventos, às temperaturas muito baixas, ao gelo e à neve.
Também chamada junípero, da família das Cupressáceas, espontânea em várias zonas, sobretudo no Norte de Portugal, cujas bagas são usadas em farmácia para vinhos diuréticos e estomacais; junípero.
Teixo (Taxus baccata)
Arbusto ou árvore da família das Taxáceas, cujo fruto é uma baga vermelha muito procurada pelas aves, que assim espalham as sementes; a madeira é compacta, homogénea, acastanhada e de bom polimento.
De referir que esta planta deu origem ao nome da Freguesia do Teixoso.
Urze (Erica)
Nome de diversas plantas da família das Ericáceas, espontâneas em terrenos pobres em cal e com flores de cores diversas.
Nas encostas serranas dominam as urzes: urze vermelha (Erica australis), urze das vassouras (Erica scoparia), torga (Erica umbellata) e urze branca (Erica arborea).
Giesta (Cytisus)
Arbusto da família das Leguminosas, de ramos cilíndricos, poucas folhas e flores amarelas e perfumadas.
O meio arbustivo tem como denominador comum as giestas, sobretudo a giesteira branca (Cystisus multiflores) e a giesta negral (Cystisus striatus). No entanto é possível detectar diferenças significativas na composição e estrutura destas formações. Para além da densidade, altura e presença ou ausência de afloramentos rochosos no seu seio, é possível identificar determinados padrões que se prendem com a presença ou ausência de espécies. Assim as cistáceas predominam nas áreas mais baixas, xistosas ou sedimentares, enquanto as giestas são mais expressivas em granito.
Narcisos (Narcissus bulbocodium)
Com flores brancas, amarelas ou bicolores e fragrâncias diversas, os narcisos são utilizados desde há longos anos, como ornamentos.
Em Portugal Continental ocorrem quase duas dezenas de espécies de narcissus, ficando situadas as que têm maior procura comercial, na zona da Serra da Estrela: a Narcissus Rupicola (estrelinha), Narcissus asturiensis, Narcissus triandus e a Narcissus bulbocodium (campainhas).
Entre 1986 e 1991, a Holanda importou cerca de 3,5 milhões de bolbos de narcisos provenientes de Portugal. Directamente colhidos na natureza, ainda que ocorram em todo o País, é na Serra da Estrela que estas colheitas se verificam com mais incidência.
Fava-de-água (menyanthes trifoliata)
Pode ser encontrada na vegetação flutuante ou marginal das lagoas.
Caldoneira (Echinospartum lusitanicum)
Costuma revestir a base e as fissuras dos rochedos ou monólitos.
Carqueja (Genista Tridentata)
Planta espontânea de pequeno porte, da família das Leguminosas, com folhas rijas e pequenas, usada para acender o fogo de lenha.
Planta carnívora (Drosera Rotundifolia)
Tramazeira (Sorbus aucuparia)
Árvore pequena ou arbusto da família das Rosáceas, de fruto globoso, vermelho, não comestível.
Malmequer (Calendula arvensis)
Nome por que são conhecidas diversas plantas da família das Compostas, cujo capítulo tem as flores centrais amarelas e as marginais brancas ou amareladas como sejam o malmequer-dos-campos (Calendula arvensis) e o malmequer-dos-brejos (Caltha palustris).
Feto
Nome de diversas plantas vivazes que não dão flores, cuja parte aérea se reduz às folhas, geralmente muito recortadas e que podem parecer caules.
Medronheiro
Árvore da família das Ericáceas, que cresce bem no interior das matas de espécies de maior porte, tem bom coberto e madeira muito densa; o seu fruto é o medronho, muito utilizado para fazer aguardente.
Carvalho roble
Árvore de porte médio a grande, de folha caduca, com a casca do tronco lisa e acinzentada (enquanto jovem) e castanha e fendida (posteriormente), com o pedúnculo das glandes bem diferenciado. Pelo seu porte, resistência e duração da madeira, foi sempre considerada como a mais nobre das espécies florestais. Trata-se de uma árvore de folha caduca.
Tojo
Nome vulgar de diversos arbustos espinhosos da família das Leguminosas, com flores amarelas, próprios de lugares quentes e secos.
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